Registre momentos interessantes que identifiquem as Eunices em sua história de vida. Mas cuidado com o que vai contar. :) Participe!
Mosaico das fotos disponíveis neste Blog e no FotoAlbum dos 70 anos de uma história de vida. Se você está aqui é porque foi convidado a participar desse momento. Afirmo existir foto sua publicada por aqui.
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barra de rolagem para navegar pelas fotos abaixo ou acessá-las individualmente nos links abaixo do título 70 ANOS NICE FATO A FOTO.
Atenciosamente, Paulo Cosmo.
70 Anos em Fatos e Fotos
Nos últimos 70 anos o mundo passou por profundas transformações. O avanço tecnológico, propulsor de tais mudanças, foi decisivo para a revolução comportamental da sociedade. Vivemos na era da informação, da comunicação instantânea, da interatividade social, da integração entre os povos além das fronteiras geográficas.
O mundo mudou... Há os que digam para melhor. Mas tente conversar com seu filho sem que seja através do what´s app ou mostrar uma foto naquele álbum convencional ao invés de publicar no instagram ou curtir e compartilhar via facebook. Tente!
Amada Mãe
Importei o texto abaixo da dedicatória de um livro, dentre outros, que resisto em publicar. Perdoe-me a falta de criatividade, mas o momento é oportuno para quebrar meu próprio copyright e divulgá-lo publicamente. Eis...
"A bem da verdade, somente nesse instante, me dei conta que nunca lhe escrevi uma carta antes. Já escrevi tantas, para tantas pessoas menos importantes, porém, até então, não havia escrito absolutamente uma linha sequer para você. Um infeliz esquecimento, para não dizer uma imperdoável desatenção.
Assim sendo decidi cometer um crime federal. Violar sua correspondência e torná-la pública para que outros tenham conhecimento antes mesmo que você. Torno-me então réu confesso e confesso acreditar que este crime possa corrigir minha negligência postal, afinal mãe perdoa filho em qualquer circunstância. Espero que este delito minimize o vazio de minha ausência textual com a mulher que me ensinou as primeiras letras, pequenas palavras e frases de nossa complexa língua portuguesa. Uma mãe que sempre confiou no filho e contrariando uma determinação escolar em plena ditadura exigiu meu ingresso na primeira série antes mesmo de eu completar seis anos, pois sabia que eu já era letrado tal qual havia me ensinado. Não se incomodou que eu ingressasse como ouvinte, pois queria que eu aprendesse mais do que acreditava poder me oferecer em sua limitada formação acadêmica.
Estava errada! Você sempre soube muito mais do que as escolas podiam me ensinar. Tem um conhecimento muito superior ao que imagina ter e sempre ofereceu além daquilo que realmente podia dar. A direção escolar também estava equivocada por não acreditar em sua pedagogia doméstica, afinal você não era professora graduada nem pedagoga de carreira. Mas havia sido formada professora pela vida. Nunca me esquecerei do dia em que eu sabia ler numa sala onde as letras eram apenas imagens borradas aos demais. Minha mãe havia me ensinado isso...
Poderia ficar aqui citando frases, fases e faces de uma mulher dedicada aos filhos e de sua conturbada história de vida, mas não me declinarei a isso, pois é momento de felicitar. Citarei somente um trecho de uma música que várias vezes ouvi você cantar e que é oportuna para esse momento: “Quando o carteiro chegou e o meu nome gritou com uma carta na mão, ante surpresa tão rude, nem sei como pude chegar ao portão...”.
É uma pena, uma terrível pena, que certo dia sejamos separados pela força do destino. É a vida! Mas até lá...
"A bem da verdade, somente nesse instante, me dei conta que nunca lhe escrevi uma carta antes. Já escrevi tantas, para tantas pessoas menos importantes, porém, até então, não havia escrito absolutamente uma linha sequer para você. Um infeliz esquecimento, para não dizer uma imperdoável desatenção.
Assim sendo decidi cometer um crime federal. Violar sua correspondência e torná-la pública para que outros tenham conhecimento antes mesmo que você. Torno-me então réu confesso e confesso acreditar que este crime possa corrigir minha negligência postal, afinal mãe perdoa filho em qualquer circunstância. Espero que este delito minimize o vazio de minha ausência textual com a mulher que me ensinou as primeiras letras, pequenas palavras e frases de nossa complexa língua portuguesa. Uma mãe que sempre confiou no filho e contrariando uma determinação escolar em plena ditadura exigiu meu ingresso na primeira série antes mesmo de eu completar seis anos, pois sabia que eu já era letrado tal qual havia me ensinado. Não se incomodou que eu ingressasse como ouvinte, pois queria que eu aprendesse mais do que acreditava poder me oferecer em sua limitada formação acadêmica.
Estava errada! Você sempre soube muito mais do que as escolas podiam me ensinar. Tem um conhecimento muito superior ao que imagina ter e sempre ofereceu além daquilo que realmente podia dar. A direção escolar também estava equivocada por não acreditar em sua pedagogia doméstica, afinal você não era professora graduada nem pedagoga de carreira. Mas havia sido formada professora pela vida. Nunca me esquecerei do dia em que eu sabia ler numa sala onde as letras eram apenas imagens borradas aos demais. Minha mãe havia me ensinado isso...
Poderia ficar aqui citando frases, fases e faces de uma mulher dedicada aos filhos e de sua conturbada história de vida, mas não me declinarei a isso, pois é momento de felicitar. Citarei somente um trecho de uma música que várias vezes ouvi você cantar e que é oportuna para esse momento: “Quando o carteiro chegou e o meu nome gritou com uma carta na mão, ante surpresa tão rude, nem sei como pude chegar ao portão...”.
É uma pena, uma terrível pena, que certo dia sejamos separados pela força do destino. É a vida! Mas até lá...
Do filho Paulo que a ama incondicionalmente"
Eunices
Horas parecia não ter fim, horas sugeria ser
o próprio fim. Dizem – aquelas que aderiram à naturalidade - que trabalho de
parto é assim. Uma dor interminável que possui um final feliz. Dizem também –
aqueles que sobreviveram à fatalidade - que batalhas em guerras são assim.
Parecem infinitas ainda que limitadas a temporalidade do destino. Na drástica
disparidade entre a beira da vida a chegar e a vida à beira de partir, o tempo
parece que não passa...
Resultado da retórica inconseqüência e reincidência
de alguns germânicos lunáticos, com dissimulada soberba global herdada da
fracassada primeira guerra mundial, o mundo ainda se aterrorizava com os
horrores da desintegração das fronteiras entre os povos em guerra quando ela,
franzina, “made in Brazil” da era Vargas de internacional nacionalização veio
ao mundo aos gritos anunciando sua chegada. Um grito abafado talvez seja mais
adequado, pois certamente é difícil se fazer ouvir, ainda que um choro
esperado, em meio a manchetes de bombas, balas e mortes de famílias muito além
do front de batalha.
Ainda que distante dos campos de concentração
do genocídio promovido pelo III Reich alemão, passar debaixo da escada, cruzar
gato preto, quebrar espelho ou nascer numa sexta-feira 13, para os muito
místicos, é quase anúncio de solução final. Para outros não...
Um nascimento esperado por muitos e
discriminado por outros. Nessas horas não devia haver contestação dessa
natividade, mas na década de 40, em plena guerra que ceifava vidas, o que ainda
prevalecia era o conservadorismo moralista da concepção à maternidade. Seu
nascimento aos olhos do mundo, que deveria servir apenas para emocionar e
ratificar a internacionalização sem fronteiras do amor entre amantes
brasileiros descendentes de descendentes de italianos e espanhóis, também
serviu para silenciar a língua aquecida, da boca não contida, daqueles –
parentes ou não - que viam horrores no parto de quinto mês de uma gravidez não
escondida, fruto do avanço da liberdade – digamos sexualidade - das mulheres
que já começavam a conquistar direitos em meio à outra guerra pessoal, também
internacional, de reconhecimento de direitos sociais muito acima da
mediocridade de disputas e conquistas territoriais.
Eunice nasceu num dia intitulado de azar no
calendário, na seqüência quase terminal de calendários de azar de um mundo em
guerra. Ascendeu ao mundo nesse cenário, entre guerra e paz, em meio ao
distante fogo cruzado do mortal front de batalha e outro fogo mais próximo,
quase que um cruzado de esquerda, daqueles que criticavam a gravidez de sua
mãe.
Foi assim seu nascimento, próximo à Oriente,
sem imaginar que algo mais assustador seria usado contra outros povos do
oriente, quase um ano depois, como justificativa de estancar a inconsequente sede humana pelo poder. Um atômico ato sem precedentes. Uma explosão da morte, antagônica a explosão da vida...
Neta, filha, sobrinha, prima, esposa, tia, mãe, avó, amiga... Mil faces
de uma mesma Eunice. Uma pessoa com nome e pronome: Eu Nice! Prestativa e
carinhosa neta, filha batalhadora de pouca exigência, sobrinha atenciosa, prima
moleca e arruaceira, esposa ferida e mal correspondida, tia – muitas - dos
incontáveis sobrinhos a aniversariar com seus bolos e doces, atenciosa e
abnegada mãe, doce e querida avó de uma infinidade de “filhas mulheres” dos
limitados “filhos homens”. Falar da mãe
já não é fácil. Falar da mulher é quase impossível...
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